UM FARDO É UM FARDO


Não importa o que eu faça; para a sociedade, se eu não me mexer no mesmo ritmo ou não carregar os mesmos pesos, serei considerado um fardo.

Tem que gerar dinheiro! Quem ganha um tostão em um dia vale mais do que quem economiza um milhão em uma hora, se para economizar tiver que gastar antes. O julgo recai sobre as mãos desocupadas, que muito produzem rapidamente em uma hora justamente para não fazer nada nas outras vinte e três. É proibido não fazer nada. É inadmissível ser um fardo, mesmo que seja redondo, que seja leve e deslize feito roda lubrificada num sistema muito particular de ser e fazer. Quem faz muito em pouco tempo só não incomoda ao patrão, que paga por seu tempo e não pelos seus resultados. Talvez por isso hajam tantos fardos quadrados, que enrolam em vez de rolarem. Isto sim, é um fardo, que não deveria estar ocupando um lugar tão precioso. Adoro trabalhar! O que não gosto é dos ambientes corporativos e seus dialetos, das disputas internas, dos horários, das vaidades que não me acrescentam nada! Para o mundo que multiplica seus lucros com a prática da mais-valia, sou um fardo que rolou sozinho para fora. 

© Gutto Carrer Lima
BLOGBOOK - Morando no Carro
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