REMORSO NUM MUNDO IMAGINÁRIO


Uma mente cheia quer esvaziar-se enquanto um coração transborda. 

Me acostumei tanto... Foram anos solitários os últimos cinco, dez, quinze. Síndrome de contenção. Nos limites dos extremos, porém contidos. Como pôde a loucura ser responsável, pôde também a sensatez me embriagar de ilusão. Momentos de gozo transcendente em incríveis viagens de reflexão. Mundos imaginários que tanto atraem quanto repugnam, dispersam a realidade quando ela quer oferecer mais do que um sonho. O ser imaginário que tornei-me não sente saudades do que um dia eu quis ser. Aquele ser que eu era, querendo muito ter. Cheguei tão perto, eu sei... Minhas verdadeiras e únicas heranças são vivas. Viverão além de mim. O mundo que seus herdeiros verão eu não verei, senão na mente, no coração, na imaginação. Transbordantes como o remorso de ter desejado ir antes de envelhecer, ter envelhecido antes de tudo viver e, pelo muito ou pouco, ter vivido tão mais dentro de meu íntimo do que junto a quem amei.

© Gutto Carrer Lima
BLOGBOOK - Morando no Carro
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