CHEGAMOS LÁ QUANDO DESCOBRIMOS O SENTIDO DE ESTARMOS AQUI


Acompanhava-me a inquietante sensação de tudo existir somente onde eu não estava. Chamava-me para ir ao encontro dos cenários do imaginário e de todas as personagens que eu iria encontrar. De lá a vida partia, do molde em que não nasci, vendendo a ilusão de pertencimento para o qual eu olharia, mas não mais me veria. 

Naquele instante de anos o futuro do passado tornara-se presente, na tardia conclusão de que lá não seria o meu lugar. Não era lá, afinal, onde tudo acontecia. Era aqui, de onde eu podia observar, em qualquer lugar em que eu estivesse. 

Ninguém mais viveria a minha vida, além de mim. Nenhum lugar mereceria a minha presença, mais do que onde estou agora. E eu mereceria estar onde pudesse ser o que sou, sem a direção cinematográfica cortando-me ou comandando-me à ação. Deixara de figurar como coadjuvante. 

Junto a quem me descobriu sendo real, viveríamos agora as nossas próprias histórias, protagonistas de nossas vidas e centrados no principal.


© Gutto Carrer Lima
BLOGBOOK - Morando no Carro
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